Menos medo, mais presença

Estamos sempre concentrados em alguma coisa. Isso significa que o nosso eu se dirige sempre para algum lugar: para a provocação do outro, para o colorido do dia, para o medo do que vão achar, para a criança brincando de amarelinha, para o que não deu certo em nosso planejamento, para o vento batendo nas folhas, para o brilho do sol na janela, para as lembranças do que alguém nos fez de bom, de ruim, do que fizemos a alguém. E o rol não se esgota. 

Para aumentar o estado de presença, é preciso trazer ativamente o nosso olhar/observação para o que queremos. E ativamente significa que se trata de um constante cuidado para os pensamentos que queremos manter. Se estamos nos preparando para falar com um grupo de pessoas/ realizar uma prova oral, a nossa concentração pode se dirigir ao nosso umbigo, ao olhar de reprovação interno ou ao que precisamos fazer/ dizer. Se nos concentramos no que fazer, nosso cérebro se dirige para o processual, para as atividades necessárias, a fim de que dê certo o nosso objetivo.

Se, ao contrário, nos concentramos no medo, no receio, no que pode dar errado, nosso cérebro vai em direção ao que está em foco. E essa é a chave. Concentrar no medo significa ficar com medo e perder a oportunidade de se concentrar no que fazer para dar certo. Ao contrário, concentrar-se no que fazer para dar certo é se preparar passo a passo. Planejar a atitude, a condução, o início e o fim. Essa preparação nos encaminha, nos dirige. Mas além disso, nosso estado de presença se amplia para o fazer necessário. 

É assim que sentimos o que estamos fazendo num encontro entre o foco, e o que nos acontece. Essa sintonia além de nos retirar do que pode não dar certo nos coloca para fazer o que dará. O resultado? A nossa conduta mais equilibrada, a segurança que preparação entrega, o objetivo alcançado. 

Ter medo de falar em público pode ser visto como falta de preparação, amadorismo no pior sentido de achar que universo entregará o que não foi cuidado. Lógico que existe um nível de nervosismo que se traduz em comprometimento com o momento. Mas ficar muito nervoso pode significar pouca preparação. Para assumir o controle é preciso trocar a expectativa pelo fazer acontecer, com estado de presença, com atitude, com ampliação do campo de percepção. O momento presente torna-se, assim, o instante da presença, da nossa ocupação de espaço em equilíbrio entre o nosso objetivo e nossa ação.  

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